OS RISCOS DO CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA POR ADOLESCENTES

OS RISCOS DO CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA POR ADOLESCENTES

OS RISCOS DO CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA POR ADOLESCENTES

 

O consumo de álcool entre os jovens é um assunto que deveria preocupar e exigir um pouco mais da atenção de pais e mães.

 

O CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Escola Paulista de Medicina fez pelo menos dois levantamentos importantes sobre o consumo de álcool entre adolescentes:

 

u  Em 1993, avaliou o consumo de álcool e outras drogas entre alunos de 1º e 2º graus de escolas públicas de 10 capitais brasileiras. No que diz respeito ao consumo de álcool, identificou que:

o   80,5% usaram álcool, pelo menos uma vez na vida;

o   18,6% usaram frequentemente (seis ou mais vezes nos trinta dias anteriores à pesquisa).

 

 

u  Em 2010, avaliou o consumo de álcool entre mais de cinco mil alunos de escolas particulares paulistanas e observou:

o   40% haviam consumido álcool no mês anterior 

o   33% dos alunos de ensino médio admitiam tê-lo feito no padrão binge drinking (consumo em grande quantidade num curto espaço de tempo)

 

Jovens estão começando a consumir álcool cada vez mais cedo- em média aos 12,5 anos de idade. Muitos deles começam a consumir álcool em casa, com o consentimento ou até encorajamento dos pais...

 

Dados do Centro de Pesquisa Nacional de Álcool e Drogas da Austrália em 2014 mostravam os pais como os principais fornecedores de bebidas para menores de 18 anos:

 

Um em cada seis jovens de 12 a 13 anos já recebeu bebida dos pais

 Um em cada três na faixa etária entre os 15 e 16 anos já recebeu bebida dos pais

 

Ainda de acordo com o mesmo estudo, jovens que começam a beber no início da adolescência têm três vezes mais chance de vir a beber de forma exagerada aos 16 anos.

 

O interessante é que o cuidado para retardar por apenas alguns meses o início do consumo de álcool por jovens, já pode resultar num consumo de forma muito mais saudável! Um trabalho realizado em 2014 pela Universidade de Vermont (EUA), publicado na revista Nature, mostrou que uma única taça de vinho ou latinha de cerveja aos 14 anos aumentava o risco do jovem consumir abusivamente ainda na adolescência. No entanto, se o primeiro gole for adiado em seis meses ou um ano, a chance de abuso de álcool aos 16 anos diminui de forma significativa.
 

O grande desafio em combater o consumo de álcool entre jovens é que muitos pais nem veem álcool como um problema! Álcool é uma droga lícita de altíssima aceitação social, muito associada a prazer e diversão, e muito consumida no ambiente familiar.  Muito pais bebem e, de fato, quando consumida com moderação e de forma ocasional, a bebida alcoólica não costuma trazer problemas para a maior parte das pessoas adultas.

 

Por outro lado, álcool é extremamente nocivo para crianças e adolescentes que podem ter seu desenvolvimento grandemente comprometido pela ingesta e, mais ainda, pelo seu consumo abusivo!!!!!!

 

O consumo de álcool é proibido por lei para menores de 18 anos, ainda sim, jovens menores de idade facilmente tem acesso a bebida alcóolica. Esse acesso facilitado a bebida alcóolica e seu consumo, quando associado a algumas características próprias dos jovens pode predispô-los a um maior risco de intoxicação, coma alcóolico e morte, comportamentos de risco associados ao uso de álcool, abuso de álcool e até desenvolvimento de alcoolismo.

 

PARTICULARIDADES DO CONSUMO DE ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA

 

u  Adolescentes têm um menor volume sanguíneo e costumam a ingerir álcool num ritmo mais acelerado, o que leva a um maior risco de intoxicação grave e morte:

 

Reservado: Menor volume sanguíneo + maior velocidade de ingestão + menor espaço de tempo = maior risco de intoxicação grave e morte

 

 

u  Associação de álcool e outras drogas, somam efeitos tóxicos que tem ação mais prolongada

 

u  Extenso comprometimento do cérebro, com risco de parada respiratória e morte

 

 

u  Uso episódico intenso – BINGE DRINKING, maior risco de intoxicação

 

u  A dose tóxica para adultos é de 5-8g/Kg; enquanto para adolescente é de 3g/Kg

 

 

 

EFEITOS A CURTO PRAZO

 

u  intoxicação alcoólica: quadros graves de hipoglicemia, insuficiência respiratória, inclusive com risco de morte

 

u  quedas e acidentes automobilísticos com traumatismos graves e risco de morte

 

u  envolvimento em brigas, agressões

 

u   situações de vulnerabilidade: praticar sexo sem proteção, ser vítima de assalto, estupro

 

u  risco aumentado de suicídio

 

 

 

Reservado: BEBEDORES “PROBLEMA” = SÃO AQUELES QUE EXIGEM ATENÇÃO
 
u	Adolescentes que se embriagam MAIS QUE SEIS VEZES EM 1 ANO OU

u	Apresentam problemas em 3 das seguintes áreas: família, autoridades da escola, polícia, amigos, intoxicação por álcool, críticas pelo consumo (de álcool).

 

 

Adolescentes interessam-se pelo que é novo, pelo que é arriscado e até o proibido, desde sempre. Faz parte dessa fase do desenvolvimento explorar, conhecer, descobrir e, tomado por um senso de valentia e destemor, os jovens aventuram-se em novas experiências, por vezes desafiando orientações ou recomendações dos pais. Porém, é sabido que jovens detentores de informação são mais propensos a agirem de forma mais consciente e menos arriscada: isso é válido no que diz respeito a álcool, drogas e sexo!!!

 

Assim, vale à pena pais conversarem com seus filhos sobre esse assunto e ajudá-los a entender que, na vida, tudo tem seu tempo, e que existem muitos riscos envolvidos com o consumo precoce de bebidas alcoólicas. Na verdade, ninguém tem nada a ganhar com a iniciação precoce do consumo de álcool por adolescentes: nem o jovem, nem a família, nem a sociedade.

 

Referências:

1.     Binge drinking: álcool além da dose. (01/06/12).  https://www.einstein.br  01/06/12  

2.     Silber T J e Souza R P. (1998). Adolescencia Latinoamericana • Uso e abuso de drogas na adolescência: o que se deve saber e o que se pode fazer, 1414-7130/98/1-148-162

3.     JAIRO BOUER. (2014). O perigo do álcool em casa para o jovem Fonte : https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/jairo-bouer/noticia/2014/10/o-bperigo-do-alcool-em-casab-para-o-jovem.html

 

 

Marcela Moura 15/01/21

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Dra Marcela Alves de Moura Especialista em Psiquiatria - Associação Brasileira de Psiquiatria. Mestrado e Doutorado em Psicologia Clínica - Washington State University - EUA

Ed. TRIO BY LINDENBERG
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